Fibrose Cística: genética, diagnóstico e avanços no tratamento


A fibrose cística é uma doença autossômica recessiva causada por mutações no gene CFTR (Cystic Fibrosis Transmembrane Conductance Regulator), localizado no cromossomo 7. Esse gene codifica uma proteína responsável por regular o transporte de cloro e sódio pelas membranas celulares. Quando mutado, o transporte é prejudicado, levando à formação de secreções espessas e viscosas que comprometem principalmente o trato respiratório e o sistema digestivo.

No Brasil, a incidência média é de 1 para cada 7.000 nascidos vivos, mas essa taxa pode variar de acordo com a composição genética da população de cada região.

Sintomas e manifestações clínicas

Os sinais e sintomas mais comuns da fibrose cística incluem:

  • Tosse crônica e persistente;
  • Infecções respiratórias recorrentes;
  • Bronquiectasias;
  • Dificuldade para ganhar peso e crescer;
  • Fezes volumosas e gordurosas (esteatorreia);
  • Suor com sabor mais salgado
     

A evolução clínica pode variar de acordo com o tipo de mutação, a resposta ao tratamento e a precocidade do diagnóstico.

Diagnóstico

O diagnóstico precoce é crucial para o manejo eficaz da doença. As principais etapas incluem:

  1. Triagem neonatal: o teste do pezinho ampliado pode detectar alterações suspeitas para fibrose cística;
     
  2. Teste do suor: avalia a concentração de cloro no suor, sendo considerado o padrão-ouro para confirmação diagnóstica;
     
  3. Análise genética: identifica mutações específicas no gene CFTR, auxiliando no direcionamento terapêutico e no aconselhamento familiar.

 

Aspectos genéticos e aconselhamento

A fibrose cística segue um padrão de herança autossômica recessiva: para desenvolver a doença, o indivíduo precisa herdar duas cópias mutadas do gene CFTR (uma de cada progenitor). Pais portadores assintomáticos têm 25% de chance, a cada gestação, de terem um filho afetado.

A genética médica é essencial para:

  • Confirmar o diagnóstico;
  • Direcionar o tratamento, especialmente com terapias-alvo (moduladores de CFTR);
  • Avaliar risco de recorrência em futuras gestações;
  • Oferecer rastreamento a familiares.

A integração entre a prática clínica e a genética médica é fundamental para melhorar o prognóstico, promover qualidade de vida e oferecer suporte adequado às famílias.