A importância de atualizar os indicadores do Teste de Triagem Neonatal


Após sancionado PL que amplia o número de doenças rastreadas pelo Teste do Pezinho, o desafio é fortalecer o Programa

Em evento virtual realizado pela Sociedade Brasileira de Triagem Neonatal e Erros Inatos do Metabolismo (SBTEIM), especialistas debateram sobre o Teste de Triagem Neonatal (TTN), um conjunto de exames realizados nos primeiros dias de vida do recém-nascido, e que auxiliam a identificar precocemente algumas doenças e prevenir possíveis sequelas. Foram abordados temas como a cobertura da triagem nos estados, a luta pela ampliação da triagem, os desafios de organização e sua importância para a saúde pública.

Os exames de triagem neonatal englobam o Teste do Pezinho, Teste do Olhinho, Teste da Orelhinha e Teste do Coraçãozinho. Recentemente, o Senado sancionou o projeto de lei (PL) que amplia o número de doenças rastreadas pelo Teste do Pezinho, que deve entrar em vigor no próximo ano. Para a presidente da Sociedade Brasileira de Genética Médica e Genômica (SBGM), Dra. Temis Félix, o maior desafio é entender como está a triagem neonatal do país em termos de atrasos dos exames.

“Triagem não é exame, é um programa de diagnóstico, acompanhamento e tratamento. Não sabemos como isso está acontecendo no país, por isso é fundamental fortalecer o programa e ter uma linha de cuidado para cada doença. Para isso, temos que unir as sociedades para daqui a um ano estarmos prontos para ampliar o Teste do Pezinho. Em Estados onde não estão fazendo o teste, não há condições de fazer a ampliação da triagem neonatal. O grande desafio é arrumar a casa”, afirmou.

O Teste do Pezinho atual contempla triagem neonatal para a identificação de distúrbios congênitos e hereditários, incluindo doença falciforme, fenilcetonúria, fibrose cística, hiperplasia adrenal congênita, hipotireoidismo congênito e deficiência de biotinidase. Segundo a presidente do SBTEIM, dra. Tania Bachega, o índice de cobertura é menor que 90% e a lei sancionada representa um grande avanço para a saúde da população.

“Estados que com boa cobertura e estão bem organizados merecem ter acesso a saúde mais moderna e aos avanços da medicina, que é a expansão da triagem neonatal. Agora, os indicadores de triagem devem ser publicados anualmente pelo Ministério da Saúde, pois em muitos estados do Norte e Nordeste a triagem está caótica e não temos a atualização do que ocorre no país”, explicou.

O presidente do Departamento Científico de Genética da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), dr. Salmo Raskin, destacou a importância do cuidado com o paciente além do diagnóstico, com um tratamento e acompanhamento eficazes para as crianças.

“Para isso, o sistema de saúde do país deve estar adaptado para que o Teste do Pezinho tenha diretrizes, protocolo, aprovação do tratamento cientificamente comprovado para a doença diagnosticada e fiscalização de que o tratamento seja realmente entregue para as famílias e os pacientes. E o Teste de Triagem Neonatal deve ser simples e de fácil detecção, sensibilidade e especificidade altas, economicamente viável e precisa ter um programa de acompanhamento”, disse.