SBGM reforça os cuidados com a disseminação das novas variantes do coronavírus


Entidade defende manutenção do isolamento social, aplicação das vacinas com maior velocidade e barrar tratamentos que não sejam cientificamente comprovados

Devido à grande circulação de pessoas durante a pandemia, países como o Brasil registram casos mais graves de infecções geradas pela COVID-19, que são as variantes do coronavírus. A disseminação de vírus como o Sars-CoV-2 está sendo estudada e, para o médico geneticista membro da Sociedade Brasileira de Genética Médica e Genômica (SBGM), Salmo Raskin, o maior desafio neste momento é justamente não deixar que as novas variantes tomem uma uma frequência muito grande na população, antes que esta esteja devidamente imunizada.

“Os dados mais recentes mostram que as vacinas têm uma boa eficácia diante das novas variantes que são muito infectantes, e ao aumentar o número de pessoas infectadas, naturalmente acabam levando também uma parcela dessas pessoas ao óbito. O maior desafio, no momento, é deixar as pessoas protegidas antes que essas variantes se tornem prevalentes no Brasil inteiro”, enfatiza.

As soluções para isso, segundo o especialista, são apressar ao máximo possível o processo de vacinação no Brasil e, ao mesmo tempo, reforçar o isolamento social. Para ele o desafio é redobrado depois de um ano de pandemia, onde as pessoas estão bastante cansadas, impactadas não só do ponto de vista emocional, mas também financeiro e profissional.

Reinfecções como foi verificada em Manaus, por exemplo, onde ocorreram as primeiras mutações do coronavírus, ainda não mostram com clareza qual a proporção dessa segunda onda que foi decorrente de reinfecção. Pesquisa publicada na revista Science mostrou que cerca de 80% da população da capital amazonense já tinha anticorpos da doença e, mesmo assim, parte dela se reinfectou com a nova variante.

“É possível que a imunidade que foi adquirida inicialmente na primeira onda de Manaus, tenha caído dramaticamente e tenha feito com que boa parte da população tenha baixa imunidade contra o coronavírus ou não tenha proteção”, explica.

Sequenciamento do genoma do Sars-CoV-2 e varreduras de vigilância epidemiológica são fundamentais para que as novas variantes sejam detectadas precocemente e possam ser acompanhadas para ver com que frequência estão atingindo a população.

“Precisamos entender, especialmente nas pessoas vacinadas que passaram a desenvolver doenças graves pela COVID- 19, qual é a sequência da variante que infectou ela e, assim, entender se é a variante antiga ou nova e, com isso, ter uma compreensão melhor do que está acontecendo e do impacto das novas variantes. Não é possível barrar o surgimento de novas mutações, pois é um processo natural e inerente de qualquer organismo vivo, mas é possível minimizar esse problema, com reforço no isolamento social, aplicação das vacinas com maior velocidade e distribuição, e barrar tratamentos que não sejam cientificamente comprovados", defende.